Wednesday, June 17, 2015

II° TAP Internacional em Pauínia


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Tuesday, March 3, 2015

 
Angelina Campos
 
Angelina foi uma uma das mulheres mais atuantes  da sociedade paulinense nos anos 1980. Dirigiu o Clube Recreativo, Esportivo e Escola de Samba Unidos da Vila, carinhosamente denominado "Unidão";  num dos desfiles campeões da escola, ela organizou uma ala só de gays, travestis e transexuais, uma ousadia para a época. O cabeleireiro Cid foi a primeira porta bandeira transexual do Brasil. Recebeu nota 10 de todos os jurados pela sua simpatia e beleza.
 

Sunday, December 14, 2014

O Balé Quebra-Nozes em Paulínia


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O  balé "Quebra-Nozes" é um dos espetáculos de dança mais populares do mundo. Por tradição, as escolas e Companhias de dança sempre apresentam no mês de dezembro. Em Paulínia, pela primeira vez o Natal das Luz, teve na programação um evento desse porte, no Theatro Municipal.
O público foi agraciado com a técnica apurada, coreografias bem construídas, e o talento dos bailarino, que forma um grupo de cerca de 150 crianças,  nos dias 12, sexta-feira,  sábado (13), às 20h e no domingo (14), às 18h.

Dança e Cidadania e Talentos da Dança


Os projetos fornecem aulas gratuitas para 500 crianças de bairros da periferia de Campina e Mogi Guaçu. Os jovens de baixa renda recebem aulas de ballet clássico, dança contemporânea, postura corporal, história da música, entre outros.

Resultado dos projetos sociais Dança e Cidadania e Talentos da Dança, coordenados por Lúcia Teixeira, a apresentação contou com a participação especial do bailarino Carlos Santos.

Contratado pela companhia South African Ballet Theatre, ele cresceu profissionalmente dentro dos projetos e veio ao Brasil para participar do espetáculo como o Príncipe Quebra- Nozes. Ao seu lado, a bailarina Paula Penachio será a protagonista Clara.

 

“Estamos muito felizes em poder voltar ao Theatro de Paulínia, que é um espaço muito especial e que valoriza qualquer apresentação. Tenho certeza que o público vai se encantar com a história, o  cenário grandioso e os figurinos impecáveis. Além disso, ter o Carlos conosco neste momento também é motivo de alegria e oportunidade para matar a saudade”, disse Lucia Teixeira, coordenadora dos projetos.

 

 


“O Quebra-Nozes” é um conto natalino de Piotr Ilyich Tchaikovsky que retrata uma festa de Natal da alta burguesia, na qual a pequena Clara recebe um quebra-nozes em forma de boneco como presente. Depois da festa, ela adormece e sonha que ratos estão invadindo o salão. O boneco ganha vida e ataca os ratos, comandando um exército de soldadinhos de chumbo. A partir dai, Clara e o Quebra-Nozes vivem diversas aventuras. Na manhã seguinte ela acorda e vê que foi tudo não passou de um sonho.

www.raimundolonato.blogspot.com

Friday, December 5, 2014

Meire Müller - Recebe o título de Cidadã Emérita de Paulínia








O vereador Danilo Barros (PCdoB) entregou, no último dia 21, em sessão solene realizada na Câmara Municipal de Paulínia, o título de Cidadã Emérita à professora Meire Muller, pelos serviços prestados aos paulinenses.
Participaram da solenidade os vereadores Angela Duarte (PRTB), Fábio Valadão (PROS) e Gustavo Yatecola (PTdoB), amigos, familiares e alunos da professora Meire. 
Danilo acredita que é preciso homenagear quem contribuiu e contribui com a história de Paulínia. “Meire Muller é uma pessoa que marcou a vida de muitos paulinenses, seja por ensinar, seja por orientar, seja por conduzir vários projetos na Educação, que tornaram pessoas em cidadãos”, disse o vereador Danilo Barros.
Durante o evento o filho Vinícius apresentou duas músicas de sua autoria e o irmão, o músico Maurício cantou algumas canções em homenagem à Meire. O jornalista e poeta Raimundo Lonato recitou poemas de Manoel de Barros, Carlos Drumond e Cecília Meireles. Além deles amigos e familiares também discursaram a homenageada. Um vídeo com alguns momentos da vida de Meire foi apresentado. 
Emocionada Meire agradeceu as palavras de todos que discursaram, agradeceu ao autor do decreto Danilo Barros. “Fiquei imaginando o que teria feito pela cidade para ser homenageada. Se tive algum sucesso em minha vida atribuo aos meus pais, familiares e amigos. Este é o título mais significante da minha vida e da minha carreira”, enfatiza a homenageada.

Quem é Meire Muller

Meire é nascida em Paulínia, formada em Letras pela Puc e em Pedagogia pela Faculdade de Ciência e Letras Plínio Augusto do Amaral, além de desenvolver uma longa jornada profissional na Prefeitura de Paulínia, onde iniciou sua carreira trabalhando em várias áreas e ocupando o cargo de secretária de Educação e também foi vice-reitora na extinta Universidade São Marcos.
Meire também possui especialização em Psicologia Infantil na USP, além de ser mestre e doutora em Educação pela Unicamp.
Meire é neta de Armando Muller e filha do maestro Marcelino Pietrobom Muller, todos paulinenses de nascimento e coração.
A futura Cidadã Emeritá idealizou os projetos Sol e Noite viva que colhe frutos até hoje, pois muitas crianças que passaram por eles, que hoje são adultos com famílias e profissões que agradecem muito a essa época memorável em suas vidas.
Ela também é autora dos livros “Paulínia - História e Memória” e “Paulínia: dos trilhos da Carril às Chamas do Progresso”, que contam a história desta cidade.


Sunday, November 9, 2014

Expansão da Produção e Valoriação Urbana em Paulínia

A Expansão Produtiva e Urbana do Município de Paulínia


Geógrafa constata que o mapa de preços de mercado não é compatível ao de valores venais
No contexto da Região Metropolitana de Campinas (RMC), o município de Paulínia ocupa um papel de grande destaque e revela características peculiares. Ele se mostra como fruto do processo de desconcentração da metrópole campineira tanto no que diz respeito aos aspectos populacionais como as atividades produtivas. Por ocasião da sua criação, com a desvinculação de Campinas em 1964, o uso urbano efetivo do seu território não chegava a 1%. Entretanto, a partir de 1970, esse cenário começa a se alterar em razão da ocorrência de um intenso processo de diversificação da economia marcado pela chegada de grandes empresas, particularmente da Refinaria de Paulínia (Replan), instalada em 1972, por iniciativa dos governos municipal e federal. Em decorrência do significativo aumento da arrecadação do ICMS, o município ampliou e qualificou os serviços de infraestrutura, de saúde e educação, atraindo um contingente significativo de migrantes, o que levou a uma grande expansão da mancha urbana efetivamente ocupada, que hoje corresponde a aproximadamente 27% da área municipal.
Essa rápida urbanização não veio acompanhada de políticas públicas efetivas de planejamento e gestão equânimes do ponto de vista espacial, dando origem a uma série de problemas urbanos como a ocupação desigual do território, decorrente de processos especulativos imobiliários e da crescente diferenciação do valor de troca e de uso da terra urbana. Tais constatações levaram a geógrafa Fernanda Otero de Farias a realizar pesquisa centrada na cidade de Paulínia procurando compreender, sobretudo, a dinâmica de valorização diferencial da sua terra urbana nos últimos dez anos e as consequências para a realidade local.
Para tanto, a pesquisadora entendeu fundamental: determinar a diferença entre o valor venal das propriedades, que consta na Planta Genérica de Valores (PGV) do município, e seu real valor de mercado; analisar as ações dos principais agentes envolvidos na produção do espaço urbano, procurando entender a participação de cada um deles na lógica de valorização da terra na cidade; construir uma base de dados georreferenciados contemplando mapas temáticos relacionados a importantes aspectos geográficos da configuração territorial paulinense, como os dados de uso e ocupação da terra intraurbana, o zoneamento municipal, o histórico de aprovação dos loteamentos, a localização dos empreendimentos residenciais fechados, renda e densidade populacional encontrada nos diferentes setores da cidade, além do mapeamento específico dos preços praticados no mercado imobiliário local para os anos de 2002 a 2012. Além disso, procurou identificar as principais áreas de tendência de crescente valorização dentro do território estudado.
A pesquisa, orientada pelo geógrafo e professor Lindon Fonseca Matias, que coordena o Grupo de Estudos de Geotecnologias Aplicadas à Gestão do Território (Geoget), do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, foi particularmente motivada pela ausência, em relação a Paulínia, de processo analítico envolvendo o tema, pela importância da cidade no contexto regional, estadual e até mesmo nacional, por abrigar um dos maiores polos petroquímicos da América Latina e, também, pela singularidade das transformações nas formas de uso e ocupação da terra urbana. A pesquisadora também recebeu orientação da professora Teresa Barata Salgueiro, especialista em questões urbanas, durante estágio de três meses na Universidade de Lisboa, financiado pela Fapesp.
Metodologia
A metodologia empregada consistiu de uma revisão bibliográfica e aprofundamento teórico do tema, envolveu pesquisas de campo, levantamento de dados com entrevistas e aplicação de tecnologias de geoprocessamento para produção cartográfica voltada à espacialização de diferentes tipos de informações acerca do município de Paulínia. Os arquivos digitais que compõem a base de dados foram disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Paulínia, pelo Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo (IGC), sendo também utilizados os dados do censo de 2010 do IBGE, imagens de satélites e ortofotos. Através de trabalhos de campo a autora realizou a observação dos diversos elementos da cidade e efetuou visitas a imprensa local buscando compulsar a publicidade dos imóveis anunciados nos anos de 2002 a 2012, o que lhe permitiu chegar à variação anual dos preços médios por m² das propriedades ofertadas em cada bairro de Paulínia no decênio pesquisado.
Ao compreender as importantes faces da produção do espaço urbano e evidenciar os diversos pontos no território de alocação desigual de infraestruturas e investimentos, a pesquisadora constata que “o preço de um terreno ou imóvel está atrelado não só às suas características intrínsecas, como tamanho, umidade do solo, declividade e qualidade da construção, mas principalmente ao seu acesso aos serviços, às infraestruturas e equipamentos urbanos, ou seja, à sua localização”. Diante disso, ela se propôs verificar o real valor de mercado das propriedades através da espacialização de seus preços e comparar com o valor venal estabelecido na legislação.
Buscando este entendimento, ela descobriu que os valores venais instituídos na Planta Genérica de Valores de Paulínia, regulamentada em 1997 para lançamento do IPTU do ano subsequente, não foram reavaliados a preços de mercado tendo sido mantidos “congelados” desde então. Naquela época os valores venais mais altos correspondiam aos imóveis do centro tradicional da cidade e iam diminuindo em direção às periferias. Embora tenham ocorrido no município transformações em relação ao uso e ocupação da terra, o poder público mostra-se alheio à realidade do mercado e adota uma tributação extremamente desatualizada. A pesquisadora atribui duas razões para a inércia da prefeitura em relação ao IPTU: uma é o alto valor da receita municipal advinda do ICMS que permite abrir mão de uma maior arrecadação e a outra é a de que nenhum político deseja ser responsabilizado pela medida impopular de um possível aumento na taxação tributária.
Em consequência desta realidade, o mapa de preços de mercado hoje não é compatível com o mapa de valores venais. Com efeito, o preço do m² médio dos edificados aumentou 233% no período considerado. A maior variação ocorreu no Parque Bom Retiro (660%), um bairro popular até meados de 2000, ocasião em que recebeu um loteamento fechado de alta valorização, que mudou totalmente a configuração do local. As menores variações de preço verificaram-se na Vila Paulino Nogueira, um bairro que continuou popular, e no centro da cidade, onde os preços já eram tradicionalmente mais altos. Mudanças similares ocorreram em relação aos terrenos, cujo preço médio por m² variou em torno de 300%.
Constatações
As análises e mapas produzidos mostram o deslocamento dos maiores preços das propriedades que antes se localizavam na área central tradicional e agora se verificam nos bairros Jardim América e Morumbi que estão próximos ao Complexo Cultural Parque Brasil 500. Este local, relativamente periférico da cidade, abrange agora a Prefeitura Municipal de Paulínia, além de diversos equipamentos – a exemplo da concha acústica, do sambódromo, do pavilhão de eventos, do teatro, dos estúdios cinematográficos e do Complexo Rodoviária-Shopping – que estão servindo como atrativos para a população de mais alta renda. Os atributos dessa área vêm acarretando na sua conversão no que pode ser chamado de nova centralidade, termo que se justifica pela boa acessibilidade viária, pela qualidade do espaço e das atividades que o ocupam, o que tem impulsionado a valorização e a especulação imobiliária na localidade. Aproveitando as vantagens advindas dos investimentos públicos, os agentes do setor imobiliário também têm investido no entorno do complexo cultural, sobretudo com a implantação de empreendimentos fechados horizontais e verticais, onde o que se adquire não é apenas o imóvel ou terreno, mas todo o conjunto de conceitos propagados pela publicidade, como segurança, áreas verdes, tranquilidade, acessibilidade, que também contribuem para inflacionar os preços.

Para Fernanda “como as informações sobre as mudanças que vêm ocorrendo no uso e na ocupação da terra urbana não estão sendo atualizadas pela prefeitura, isso tem causado defasagem dos dados presentes na PGV e, consequentemente, nos lançamentos do IPTU. Em consequência, a cobrança tributária acaba não sendo justa e, pior, não há recuperação dos investimentos realizados pelo poder público. Esse retorno poderia ser investido em melhorias de serviços e infraestruturas para outras áreas da cidade ou mesmo ser revertido para programas habitacionais, minimizando carências”.
E acrescenta: “na cidade pode-se observar a materialização espacial das desigualdades sociais, num contexto onde cada vez mais o valor de troca se sobrepõe ao valor de uso, o que significa dizer que as regras e estratégias da mercantilização do espaço urbano se impõem, muitas vezes, às próprias necessidades humanas. Tal fato revela que o capital aparece no comando dos interesses, definindo e direcionando as prioridades de determinados agentes sociais”.
A autora espera que o trabalho possa contribuir para políticas públicas de gestão territoriais e incitar novos estudos que visem o entendimento da temática de valorização da terra urbana.
Fonte: Jornal da Unicamp nº 611.
Texto: CARMO GALLO NETTO
Fotos: Matias, L.F./Farias, F.O./Divulgação, Antoninho Perri
Edição de Imagens: Diana Melo
Publicação

Dissertação: “Análise da dinâmica de valorização diferencial da terra urbana na cidade de Paulínia – SP”
Autora: Fernanda Otero de Farias
Orientador: Lindon Fonseca Matias
Unidade: Instituto de Geociências (IG)

Saturday, May 24, 2014

‘Cazuza pro dia nascer feliz, o musical’ em Paulínia




“Não quero que me imitem. Não quero ninguém atrás de mim. Tenho muito medo de ser porta-voz de qualquer coisa”.  Nesta declaração de 1988, Cazuza já profetizava o inevitável. O talento instintivo e avassalador, o temperamento explosivo, a linguagem única e libertária fizeram dele um ícone sem precedentes na cultura contemporânea produzida no Brasil. Muito mais do que isso: ainda que à revelia, foi, mesmo sem pretender sê-lo, o grande cronista da juventude brasileira dos anos 80. Morto em 1990, aos 32 anos, no auge da carreira, foi alçado a precoce e definitivo mito no imaginário brasileiro. E que pela primeira vez tem sua breve e trepidante trajetória contada nos palcos, através de‘Cazuza Pro Dia Nascer Feliz, o Musical’, de Aloísio de Abreu, com direção de João Fonseca. A apresentação em Paulínia acontece desde sexta-feira, dia 23 de maio até domindo, 25 às 17 horas, no Theatro Municipal Paulo Gracindo.
O espetáculo reúne alguns dos maiores clássicos de Cazuza em carreira solo ou no Barão Vermelho, como “Pro Dia Nascer Feliz” e “Codinome Beija Flor”. Canções como ‘Bete Balanço’, ‘Ideologia’, ‘O Tempo não para’, ‘Exagerado’, ‘Brasil’, ‘Preciso dizer que te amo’, ‘Faz parte do meu show’ estão presentes no roteiro, que reserva espaço também para composições de Cazuza que ele nunca chegou a gravar, como ‘Malandragem’, ‘Poema’ e ‘Mais Feliz’.
O elenco é encabeçado pelo músico e ator Emílio Dantas*, de 30 anos, que faz sua segunda incursão em musicais. Susana Ribeiro, Marcelo Várzea, André Dias, Fabiano Medeiros, Yasmin Gomlevsky, Thiago Machado, , Bruno Fraga, Bruno Narch, Bruno Sigrist,Saulo Segreto,Dezo Mota, Sheila Matos, Juliane Bodini, Oscar Fabião e Osmar Silveira completam a escalação. Dando vida a nomes como  Lucinha e João Araújo , Ney Matogrosso, Bebel Gilberto, Frejat,Caetano Veloso, Dé Palmeira, entre vários outros personagens que gravitaram no universo de Cazuza.
Para a construção do texto, Aloísio de Abreu partiu das conversas com pessoas próximas a Cazuza e fez uma ampla pesquisa para acriação da estrutura dramática do espetáculo. “Apesar de frequentar os mesmos lugares, eu não conhecia o Cazuza. Entretanto, sempre tive uma profunda identificação com a obra dele, que tem um quê de crônica da nossa época, revelando de forma rasgada comportamentos típicos dos jovens que todos éramos nos anos oitenta”, explica Aloísio.
Como a vida do personagem foi curta e, ao mesmo tempo, muito intensa, o autor procurou contar a história de forma ágil, avançando sempre a partir dos momentos de virada na carreira e na vida dele: a descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o momento em que resolve cantar, montar uma banda, se profissionalizar, o estouro, as brigas, a mudança no estilo de sua obra, o estrelato solo, a descoberta da doença, a urgência poética no fim das forças. Enfim, momentos que levam a história adiante. “As músicas se inserem quase como parte do texto. Estrutura de musical mesmo. Claro que tem momento show, mas a trajetória do Cazuza é contada através das letras e da poesia dele. Tudo no texto ‘faz parte do show’“, complementa.
A montagem dá continuidade à pesquisa desenvolvida por João Fonseca de uma cena musical brasileira mais despojada e teatral. “Este espetáculo é mais um passo do trabalho que comecei com ‘Gota d’água’ e que culminou no ‘Tim Maia’. É uma nova possibilidade de desenvolver e aperfeiçoar uma linguagem muito autoral de musical iniciada há alguns anos”. O diretor conta que os depoimentos de Lucinha Araújo foram fundamentais na estruturação cênica do espetáculo: “A partir das lembranças dela, vamos conhecendo a vida e a obra desse artista e, tal como sua obra, a peça alterna momentos exagerados e de puro rock'n’roll a mais intimistas e delicados”, finaliza.
A cenografia de Nello Marrese traz elementos fundamentais do universo de Cazuza. “Pensei num cenário poético e limpo. O espaço cênico é formado por seis praticáveis que representam palafitas. O chão, areia. É a representação do Arpoador, um dos lugares preferidos do personagem. O único elemento fixo é uma mesa que se desdobra em diversas representações: bar, o quarto onde ele compunha (sempre usando uma máquina de escrever), hospital, e por aí vai…”. Para o cenógrafo, desta neutralidade cênica partirá o jogo teatral, e completa: “Concebemos três telas onde haverá projeções não realistas que remetem às cenas e canções, brincando com a estética da época. Imaginei um grande clipe, representando de maneira lúdica e simbólica a sucessão de acontecimentos na vida do Cazuza”.
Um amplo trabalho de pesquisa também foi essencial para a concepção musical do espetáculo. Os diretores musicais Daniel Rocha e Carlos Bauzys conceituaram a sonoridade em quatro situações: Barão Vermelho não produzido; a gravação do primeiro disco; e depois do sucesso, já consolidados. A banda solo de Cazuza também será reproduzida com fidelidade. “Adaptar a obra dele tornando-a cênica e, ao mesmo tempo empolgante e reconhecível ao público, foi nosso maior desafio. Usamos teclados programados com samplers e sintetizadores usados nas gravações do Barão. Dois guitarristas se revezam também entre violão de nylon, de aço e bandolim; além de um contrabaixo elétrico e uma bateria eletrônica programada com os timbres da década de oitenta”, define Daniel.
A escolha de Emílio Dantas para o personagem título foi imediata, segundo João Fonseca. “Trabalhei recentemente com Emílio em outro musical e o considero um talento extraordinário. Desde o começo, achava que ele era o ator ideal para o personagem, o que foi comprovado durante as audições com a aprovação unânime de toda a equipe e da família do Cazuza”. Emílio, que além de ator também é cantor – foi vocalista da banda ‘Mulher do Padre’-  foi pego de surpresa com a escolha: “Quando vi que a Lucinha estava no teste, fiquei desesperado. Não queria fazer feio na frente dela. João me mandou quatro cenas, mas só decorei duas. A saída foi incorporar a vibe do Cazuza, já entrei meio como naquela loucura dele no palco, fui sincero e falei que não tinha preparado nada. Busquei captar a essência do artista, sua postura na vida”, relata. O resultado, desde então, foi uma relação de total simbiose entre ator e personagem. “Vi muito vídeo, os bastidores, assisti a várias entrevistas, antes e depois da doença, doidão, sóbrio, prestei atenção na questão das gírias. Fui para São Paulo e voltei de carro ouvindo e cantando Cazuza, captando o jeito dele cantar, o carioquês, a língua presa… “.
O ator precisou emagrecer cinco quilos para o personagem: “Estava predisposto até a perder mais, mas chegamos ao consenso de que não seria necessário, porque há toda a fase dele saudável. Então, para representar a doença, vamos usar uma energia física mais baixa, maquiagem, luz e figurino”, finaliza.
Completando a ficha técnica, Paulo Nenem e Daniela Sanches (iluminação), Carol Lobato (figurinos) e Alex Neoral (coreografia). A banda que se apresenta ao vivo é formada por Marcelo Eduardo Farias e EvelyneGarcia(teclados), Bernardo Ramos e Daniel Rocha (guitarras), Raul D’Oliveira (baixo), Rafael Maia (bateria) eHebert Souza (programação).‘Cazuza pro dia nascer feliz, o musical’ é apresentado pelo Ministério da Cultura, com patrocínio da Sulamérica, Sem Parare Mills.
E assim, uma das trajetórias mais impressionantes da música brasileira é recriada pela primeira vez nos palcos. Aliás, nada mais oportuno, num momento em que se reascende no país, como poucas vezes se viu, articulações e movimentos em torno da ética, de transparência pública, de honestidade em diversos planos, de dignidade. “Não sei quem foi o ufanista que jogou essa bandeira. É uma pessoa louca, porque o Brasil não está em condições de receber manifestações como essa. Inflação de 900%, um monte de denúncias de irregularidades, fora o assassinato do Chico Mendes. Eu estou é triste! Desiludido!”, disse Cazuza para mãe, após cuspir na bandeira pátria durante um show em 88. Hoje, 15 anos depois, “eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades…”, Cazuza estaria se perguntando: mas, afinal, cadê o Amarildo?


FICHA TÉCNICA

Texto de  Aloísio de Abreu
Direção Geral João Fonseca
Produção Geral Sandro Chaim

Direção Musical Daniel Rocha
Supervisão Musical Carlos Bauzys
Preparador Vocal Felipe Habib
Coreografias    Alex Neoral
Cenário Nello Marrese
Figurino  Carol Lobato
VisagismoJuliana Mendes
Design de luz Daniela Sanches e Paulo Nenem
Design de som Gabriel D´Angelo
Apresentado pelo Ministério da Cultura
Realização: Miniatura 9, Chaim XYZ Produções
Elenco:
*Emílio Dantas, Osmar Silveira ou Bruno Narchi (Cazuza)
Atores convidados: Susana Ribeiro (Lucinha Araújo), Marcelo Várzea (João Araújo), André Dias (Ezequiel Neves)
Com: Fabiano Medeiros (Ney Matogrosso), Yasmin Gomlevsky (Bebel Gilberto), Thiago Machado (Frejat), Bruno Fraga (Maurício Barros), Bruno Narch (Serginho), Bruno Sigrist (Guto Goffi), Saulo Segreto, (Dé Palmeira), Dezo Mota (Caetano Veloso), , Juliane Bodini (Swing feminino), Oscar Fabião (Swing masculino), Osmar Silveira (sub Cazuza e Swing masculino) e Sheila Matos (sub Lucinha e Swing feminino).

Classificação: 14 anos
Duração: 150 min (incluindo intervalo de 15 min)